O GPACI (Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil) nasceu com a finalidade de prestar atendimento na especialidade de oncologia pediátrica (0 a 18 anos – incompletos) munícipes de Sorocaba e 47 cidades da região, no entanto, com sua evolução estrutural, tecnológica e profissionais com muita experiência no cuidar, foi ampliando sua oferta de serviço, sendo que desde 2014 passamos a ser referência no atendimento a crianças e adolescentes munícipes de Sorocaba que necessitam de internação (enfermaria/UTI), após passagem pela UPH/UPA/PA. Dispomos também através da contratualização com a Saúde de Sorocaba do Ambulatório de Especialidades Pediátricas (cirurgia, urologia, neurologia, hematologia, anestesiologia, alergologia, reumatologia e nefrologia) e serviços de imagem (ultrassom/ecocardiograma/tomografia/eletroencefalograma/etc.), sendo a demanda encaminhada através da central de vagas da saúde.
Chegamos ao 1º ano de Escuta Especializada/GPACI, se por um lado lamentamos que seja necessário existir um Serviço como esse para fazer frente à violência contra crianças e adolescentes, que é uma realidade no Brasil e no mundo, por sua vez, oferecemos esse novo recurso que tem sido tão importante dentro da rede de proteção de Sorocaba.
Os casos são encaminhados pela rede de proteção (revelação-busca espontânea/indícios) e têm como intuito promover o acolhimento/atendido às crianças e adolescentes munícipes de Sorocaba que foram vítimas e/ou testemunhas de violência, sendo elas: sexual, psicológica e/ou física, em ambiente reservado, sendo ouvida de forma atenta e sem interrupção, realizado por profissionais especializados, com a finalidade de proteção e de provimento de cuidados através dos encaminhamentos para os demais órgãos da rede de atenção e proteção, de acordo com demanda apresentada e as competências de cada serviço.
Atualmente o serviço dispõe de 05 profissionais de nível superior (Área de Humanas - Psicóloga/Assistente Social) denominados como Agente de Proteção Social, capacitados para realização da Escuta Especializada. Os atendimentos são prestados na sede do Hospital GPACI, em ambiente reservado, através de agendamento de segunda a segunda, no período diurno e noturno.
Desde a implantação do Serviço até a presente data, atendemos mais de 750 crianças e adolescentes, sendo em sua prevalência: 65% do sexo feminino, 43% com idade entre 6 e 11 anos e 42% vítimas de violência sexual.
“Com muito orgulho e gratidão celebramos um ano de atendimento do serviço de escuta especializada junto ao GPACI. Tal serviço, destinado ao atendimento, escuta e proteção das crianças vítimas de violência, tem se destacado pela excelência no atendimento, que além de ouvir de maneira humanizada e técnica, sem revitimização, os menores vítimas e testemunhas de toda espécie de violência, realiza todos os encaminhamentos necessários para colocá-los em proteção. Ao longo desse ano, muita dor foi ouvida, muita criança protegida e muito mal maior foi evitado, pois saber ouvir a criança é proteger, prevenindo outras espécies de danos, e, sobretudo, ajudando a reparar o mal sofrido. Hoje o serviço se tornou imprescindível para as crianças em Sorocaba. Um exemplo a ser seguido. Só me resta agradecer, em nome de todos os menores já atendidos, e aos que ainda o serão, ao GPACI, que, quando convidado ao desafio, tão prontamente o aceitou, se tornando um parceiro da Promotoria, e de toda a rede de atendimento, daqueles que muitas vezes não tinham voz para se defender. Hoje as crianças possuem essa escuta e essa voz. Importante serviço em prol do bem estar emocional da nossa infância. Obrigada ao GPACI! Parabéns a toda a equipe que compõe o serviço de escuta especializada pela excelência com que realizam mais este atendimento, e à Administração e Diretoria que aceitaram de corações abertos mais este trabalho em prol da infância de Sorocaba”, ressalta a Dra. Cristina Palma, 1ª. Promotoria da Infância e Juventude de Sorocaba.
“O Serviço de Escuta Especializada é um grande marco na efetivação da garantia de direitos e defesa das crianças e adolescentes. O nosso principal objetivo é que os atendidos relatem uma única vez a situação vivenciada e recebam todos os encaminhamentos necessários, sem precisar reviver o trauma da violência sofrida ou presenciada, tendo como grande diferencial o trabalho em rede, envolvendo diversos serviços que garantam o acompanhamento/tratamento dessas vítimas” ressalta a Sra. Maria Lúcia Neiva de Lima, Presidente do Conselho de Administração do GPACI.
“A violência contra pessoas vulneráveis, como são as crianças e os adolescentes, jamais deveria acontecer. No entanto, estamos muito atentos em agir preventivamente e, nos casos necessários, poder oferecer o melhor atendimento possível a essas vítimas. Esse é um serviço inédito em nosso município, proporcionado graças a essas parcerias e que vem demonstrando importantes resultados”, ressalta o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga.
“O serviço de escuta do GPACI entrou no fluxo de atendimento dos casos de violência contra crianças e adolescentes. À medida que os especialistas fazem a escuta da criança, vão filtrando o que ela e o familiar mais precisam e já fazem uma solicitação desses cuidados para a rede. Outro papel, também, é trazer a parte jurídica, agindo no sentido de tirar rapidamente a vítima do convívio do agressor”, afirma a chefe de Divisão da Rede de Atenção a Saúde, Ana Flávia Guimarães Moura. “O atendimento que os especialistas do GPACI prestam faz muita diferença. Eles possuem uma sala especializada e lúdica dentro do hospital. Fizemos diversas reuniões com eles para alinhar e trazê-los junto, principalmente, das UBSs e dos serviços de urgência, que são os locais onde, na Saúde, acabam aparecendo as demandas e, assim, fomos construindo esse fluxo de atendimento das crianças e adolescentes, que segue um protocolo muito bem definido”, completa.
“É importante lembrar que crianças e adolescentes vítimas de violência ou abuso sexual podem ter sua porta de entrada para o atendimento por diversos equipamentos de proteção. Pode ser a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o Conselho Tutelar, a escola, o Pronto Atendimento (PA), entre outros. Até 2021, a criança era ouvida diversas vezes, a cada atendimento necessário, nos diversos órgãos de acolhimento. A Escuta Especializada mudou isso tudo e descomplicou o atendimento, evitando os danos psicológicos e emocionais revividos por ela a cada nova narrativa. A escuta qualificada implantada pela atual Administração Pública, portanto, contribui para a redução desses danos. O GPACI tem grande importância nisso, por seu trabalho competente e humanizado”, conclui o secretário da Cidadania, Clayton Lustosa.
Sendo assim, compreendemos a importância deste Serviço e do trabalho em rede, promovendo ações que garantam a proteção e reparação das violências sofridas e a apresentação de indicadores que orientam a necessidade de elaboração de políticas públicas que atuem na prevenção e identificação das violências perpetradas contras nossas crianças e adolescentes.